top of page

S.C Morro da Casa Verde e a luta de Dona Guga

Garra, amor pelo pavilhão verde e rosa e muito esforço: é através da junção desse trio de sentimentos que Laurinete Nazaré da Silva Campos, mais conhecida como Dona Guga, mantém a Sociedade Carnavalesca Morro da Casa Verde atuante. A escola foi fundada em abril de 1962 pelo pai de Laurinete, Zezinho do Banjo, sambista conhecido da época e figura carimbada das rodas de samba em São Paulo.

 

Apesar de ter estado ao lado do pai na constituição do Morro da Casa Verde, participado da organização de alas e bateria, algumas discordâncias entre Dona Guga e o pai começaram a aparecer, e, mesmo antes da morte dele, a filha assumiu a presidência da escola. Era o ano de 1985. Até hoje, a persistência de Dona Guga, apoiada por seus filhos e netos, é o que move a agremiação, que passa por dificuldades no grupo de acesso do carnaval paulista.

 

A estatura baixa de Guga é incompatível com a paixão que demonstra ter ao falar do Morro. Enfatiza que aprendeu muito com o pai e é por ele que ainda comanda a escola. Com 70 anos, ela diz que é muito cansativo e difícil manter uma escola de pé, mas prometeu para o pai que enquanto ela vivesse, o Morro da Casa Verde ia continuar existindo. “Fui visitar meu pai doente no hospital e ele pediu para que eu não deixasse a escola morrer. Prometi. No outro dia eu recebi a ligação de que ele havia falecido”, conta.

 

Dona Guga passou por um outro momento bastante triste: a morte da mãe às vésperas do carnaval de 1986. Dona Janete pediu para assistir ao ensaio da escola e assim foi feito. Assistiu e retornou para sua casa. Naquela mesmo dia, dona Janete foi encontrada caída em casa e em seguida, faleceu. O carnaval foi em luto, mas a escola não deixou de desfilar. “Todos nós da família sabemos que alguém pode morrer, mas a gente deixa o defunto e vai levar a escola. Já falei para os meus filhos que não vou pedir para carregarem a escola depois da minha morte porque é um peso muito grande. Também não quero que enterrem o pavilhão comigo”, brinca.

 

Uma das maiores felicidades de Guga foi quando a escola subiu para o grupo especial no carnaval de 1999 graças ao samba de Nelson Dalla Rosa, “Os fantasmas na época do Theatro Municipal” e ao carnavalesco Nilson Lourenço. Permaneceu no grupo especial até o ano de 2002.

 

Dona Guga é uma das poucas mulheres que estão no comando de uma escola de samba e, como a maioria delas, também sofreu preconceito, mas não abaixou a cabeça. O marido só tentou impedi-la de ir ao samba uma vez, quando estava grávida de seis meses e dona Guga foi firme. “Quem manda em mim sou eu”, afirma.

 

No livro “Mães do Samba - tias baianas ou tias quituteiras” da pesquisadora, historiadora e carnavalesca Maria Apparecida Urbano, Dona Guga é citada como uma das “mães do samba”. E sobre o título Dona Guga diz com humildade: “não sei o porquê, mas acho que é porque eu me dou bem com todo mundo, a escola pode estar no especial, na vaga aberta, mas tem que respeitar todo mundo. Afinal, se ela está na vaga aberta ela tem mais dificuldade que quem está no acesso”, explica.

 

Dona Guga se prepara agora para o carnaval de 2016, com a mesma garra de sempre e sem desânimo. Afinal, segundo ela, “o samba anima qualquer pessoa”.

 

Acompanhe a agenda de ensaios do carnaval 2016  da escola pelo site (http://www.morrodacasaverde.com.br)  e aproveite para rever vídeos dos carnavais passados. Dona Guga prova, na maioria deles, que idade não significa quase nada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ouça trechos da entrevista com a Dona Guga:
ENTREVISTA - Dona Guga
00:00 / 00:00

Siga a autora do site nas redes socias e fique conectado ao "Flores do Samba"

  • Facebook B&W
  • Instagram B&W
bottom of page